quarta-feira, 23 de abril de 2008

Aventura e desventuras de uma acadêmica em busca do presidente

O título parece nome de filme da Sessão da Tarde, mas não. Este é um relato de uma com o chamado "terceiro grau incompleto", em busca de um encontro com o presidente da República em Rio Grande.

dias 1° e 2 de abril: corrida atrás da credencial. A famigerada credencial! Logo se descobre que o site do Governo Federal é nenhum pouco navegável, as informações parecem escondidas em algum link obscuro onde só aqueles com 'a senha' podem entrar. A dificuldade de encontrar uma Sala de Imprensa, de contatar um Assessor de Comunicação, é inacreditável. Essa simples informação sobre os requisitos para se ter a credencial, um formulário, nada se encontra. Tudo é lento, fica-se dando voltas e reclicando interminavelmente. ACHEI! OK, requisitos em mãos: toda burocracia é necessária. Papel timbrado da empresa para a qual se trabalha, registro de jornalista, n° da carteira de trabalho, número do sapato, quantos graus de miopia, cor preferida, detector de mentiras. Tudo isso até o meio-dia de ontem. Já era. Informação: tumulto na entrega das credenciais, num hotel na praia do Cassino. Vários jornalistas ficaram sem as suas. "É nessa fresta que eu entro".

dia 3 de abril, 6h30: Já em Rio Grande, acordei cedopara pesquisar na Internet sobre alguns confirmados à visita: senador Paulo Paim, deputado Henrique Fontana, ministra Dilma Rousseff, a mesma que dias antes aparecia transtornada se explicando pra imprensa por causa do escândalo-relâmpago do chamado dossiê contra FHC. O 'testa-de-ferro' Tarso Genro. Enfim. só os "peixes-grandes". Eu já cheia de perguntas, principalmente com relação à duplicação da BR-392. Bloquinho em mãos, gravador na bolsa, indumentária de jornalista, fui!


9h15: chego à Radio Nativa, onde me encontraria com minha colega Wanda Leite, proprietária da rádio, para ir de carona e de quebra colaborar com a cobertura da rádio. A notícia: ela partiu há 15 min em direção à plataforma P-53 e logo após para o Dique Seco, acompanhando toda comitiva presidencial.

9h20: sozinha em Rio Grande. Sem café, cigarros ou créditos no celular. Procurando uma cafeteria. Não existia nenhuma. Como se uma porta universal se abrisse, soprando-me alguma ventura, encontro um colega da ECoS do outro lado da rua. O Thiago havia trabalhado por um ano na RBS-Rio Grande como cinegrafista e estava a caminho de uma tabacaria/cafeteria. Ventura define bem. Devidamente cafeinada e nicotinada, como uma verdadeira jornalista à moda antiga, rumamos para a RBS, onde encontro mais uma colega, a Tita, que trabalhava na Atlântida e agora é repórter na TV. Ela e o cinegrafista voltavam da plataforma P-53, onde fizeram imagens, e me disseram que estava realmente conturbada a coisa toda, a imprensa de um modo geral. Ainda mais sem credenciais. Uma esperança: A Tita me deu o telefone da Rosane, assessora de comunicação da FURG, último local por onde o presidente passaria, e para onde me dirigia. O Thiago me acompanhou até o ponto de ônibus, fazendo ainda o papel de guia turístico até lá. Cidade bem simpática, Rio Grande. No ônibus o cobrador riu quando pedi pra ele me avisar quando chegássemos na FURG, e logo entendi o porquê, quando no próximo ponto subiu alguém perguntando a mesma coisa. Fiquei imaginando quantas vezes ele havia respondido que não saberia se o ônibus entraria de fato na FURG, "porque com essa função toda do Lula...". Na cidade toda só se falava disso. Frases soltas que ouvi pela rua me ratificaram a suspeita de que assim seria. Rumando sozinha pra um lugar desconhecido.


11h: Campus Carreiros, FURG. Filas, enormes. O povo, a imprensa. Os brigadianos, sem motivo algum, decidiram barrar a imprensa, já devidamente identificada, de crachás. Liguei para a Rosane, ela não poderia me ajudar. Tentei ligar para Wanda Leite, não havia armazenado o número. OK, lá vou eu encher os ouvidos dos seguranças, porteiros, pessoal do cerimonial, vereadores (que por sinal não conhecia, pois como se sabe, moro em Pelotas), repórteres...Qualquer um que pudesse me ajudar a acessar aquele lugar. Encontrei um amigo: o Celso, ex-diretor do PT de Rio Grande, atual coordenador do ArtEstação, que me fez companhia, discutiu sobre as coisas da vida e do universo, sobre os rumos da política, sobre o PT, e ainda me apresentou um bando de sindicalistas. O mais importante: graças a ele eu entrei devidamente autorizada. Alguém veio e lhe deu um bottom amarelo escrito PR = Presidência da República. O bottom era destinado aos sindicatos, e ele, que jáconhecia o Lula há anos e desanimado com a demora toda, deu-me o seu. "Sindicato dos Jornalistas", caso fosse perguntada (de fato lá trabalhei e sem dúvida serei uma sindicalizada quando me formar).


Pra quê tudo isso???










Entrei
! Uma mulher veio e disse que eu TINHA QUE entrar, pois estava de botom amarelo. Conheci um monte de gente importante. Fiz várias entrevistas, bons contatos. Ninguém como o presidente ou algum ministro, mas gente de perto, gente que eu posso ter um contato mais direto. E essa 'conhecência' já me gera bons frutos...




Entrei! Área restrita à imprensa e aos movimentos sociais. O povo atrás da gradezinha.



13h: o presidente adentra o palco pelos fundos. Rumores diziam que ele passaria perto, bem no meio da multidão. Fiquei no fundo. Ele passou bem longe. Foi acabar lá pelas 14h30. EM SUMA: pra mim foi uma verdadeira aventura me virar num lugar desconhecido, não que isso seja novidade, mas não deixa de ser sempre uma 'pressão'. Várias lições ficaram, erros que devem ser cometidos uma vez pra se saber que errou, mas só uma vez, pra logo consertar. Várias coisas deram errado, outras tantas deram certo. Lição pra estudante: ampliar os contatos, pesquisar ainda mais antes das empreitadas, descobrir soluções o mais rapidamente, e o mais importante, cara de pau! Alguma dose de sorte cai bem.










O povo ainda achava que ele passaria por ali, pelo meio.
E eu, também.



Posso dizer que o Lula é uma pessoa extremamente carismática, foi ovacionado pelo público presente -a maioria pestista - bem como os senadores, deputados e ministros lá presentes. Pode-se utilizar também o adjetivo populista para designá-lo, pois usa termos que se igualam ao falar popular: evoca Deus, fala em coração, esperança, auto-estima do povo brasileiro. Pode ser a nova versão do Lula, aquela que destruiu os sonhos dos esquerdistas ortodoxos, mas pelo menos não é um tucano.


O que é um pontinho laranja no meio do palco? O Lula com macacão da Quip.




Um pontinho laranja
acena do helicóptero.









O povo dispersa na seqüência.
Dezenas de ônibus agurdam.









Novos contatos: um integrante do PT de Rio Grande e Bill Magalhães, do Sindicato dos Fertilizantes.



14h30, campus Carreiros.
Ostentando o botom amarelo que diz PR: Presidência da República; o que me fez entrar.


Fotos: Reizel Cardoso.
Camera : Motorola V3.

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